sexta-feira, 26 de setembro de 2014

I


Já no festival...

(Cenário verdejante característico do extremo litoral norte do país (Portugal). Grades a delimitar todo o contorno do recinto; barracas de comes-bebes e venda de merchandising das bandas/evento espalhadas pelo seu interior. De um dos lados mais curtos do rectângulo que confere forma ao recinto localiza-se a entrada(/saída), onde várias barreiras de metal marcam as faixas de passagem interior-exterior e vice versa; mesmo de frente para esta, no outro lado mais estreito do mesmo rectângulo, localiza-se o palco principal, de um tamanho considerável, reservado às bandas que apresentariam os shows nocturnos. A noite era limpa, com as estrelas descobertas pela noite, e clara, com a Lua a alumiar-se quase na sua integralidade.)

Os dois camaradas esticavam-se sobre o conforto da relva do recinto, aproveitando o intervalo entre os concertos para relaxar.

Ego
(apoiando os cotovelos sobre a relva para conseguir erguer um pouco a cabeça dace ao monopólio visual que detinha a multidão)
A próxima banda é tipo o quê?


P.
(enquanto penteava a longa barba negra com a mão diireita, como quem amacia os pensamentos)
Tens que ouvir para descobrires. Tudo o que eu te disse sobre o seu som tornar-seà insignificante quando a banda começar a tocar, e tu a ouvir... e a aplaudir! Sim, porque tenho a certeza que terás razões de sobra para aplaudir.

E.
Até agora não tem havido desilusões.
(de si para si:)
Também não haviam muitas expectativas, visto não estar, à partida, familiarizado com a grande maioria das bandas que iriam actuar.

A amiga repórter, que entretanto tinha ido resgatar o seu colega fotógrafo à piscina junto à qual tinham decorrido os concertos diurnos, regressara na companhia do seu colega de trabalho. Cumprimentaram-se os amigos-dos-amigos e sentaram-se em reunião fraterna.

C.
(tentanto dar corda à conversa)
Então... preparados para a próxima vaga de concertos?

E.
Nós estamos sempre prontos para a rockalhada! Mas ainda tenho que me preparar melhor: vou fazer aquele cigarrinho... Eheh!

P.
(seguido daquele risinho rápido que sugeria um: " eu já sabia...")
E eu buscar finos para cada um destes sedentos.
(levantou-se, deu umas quantas palmadas vigorosas no próprio rabo (vestido) com a intenção de limpá-lo; concluiu que aquele não constituia um método eficaz - e que o único remédio seria mesmo lavar as calças, de preferência com o auxílio de uma máquina apropriada -; desisti: pegou em si e seguiu em direcção às barracas de cerveja.)

Quando o cigarrinho ficara pronoto para acompanhar as imperiais geladas que sustinham entre os punhos das mãos direitas, levantaram-se e seguiram por entre a multidão, para junto do palco onde a banda portuguesa se preparava para orgulhar os seus compatrioras. O fotógrafo precipitou-se para a frente esquerda, onde os restantes adivinhavam incidir uma brisá gélida; estes últimos preferiram o calor humano.
Três sujeitos, com um aspecto facilmente confundível com qualquer um daqueles festivaleiros que compunham a plateia, subiram ao palco; cada um ocupando as suas respectivas posições: bateria, guitarra e baixo (havia ainda um sintetizador que seria utilizado tanto pelo baixista como pelo guitarrista, dependendo da ocasião, ao desenrolar do espetáculo). Não havia equipamento vocal, pois seria um concerto integralmente instrumental: os instrumentos cantariam, em lugar da voz humana. 
Õs intérpretes apresentavam uma melodia altamente atmosférica e psicadélica, recheada com longos riffs de guitarra e com a presença constante de um baixo muito bem trabahado, que não permitia que a banda seguisse a tendência da afirmação exagerada da guitarra sobre os restantes instrumentos de cordas que a grande maioria das bandas de rock sempre apresentou. Era o tipo de música perfeito para uma viagem interestelar, como nos sugeria o iluminado céu nocturno.

(...)

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